A expedição de Gonneville
Aqui em São Francisco do Sul primeiro chegaram os franceses. A Ilha de São Francisco do Sul foi o porto no qual encontrou abrigo a Expedição de Binot Paulmier de Gonneville, no ano de 1504, quatro anos somente após a data oficial do Descobrimento do Brasil.
Essa Expedição, financiada por comerciantes da Normandia (França), partiu do Porto de Honfleur em 24 de Julho de 1503, em busca das “Belas Riquezas das Índias”. A Nau “L’Espoir”, desceu o Atlântico ao largo da África e perdeu a rota, aportando, em Janeiro de 1504 em “terras desconhecidas”, que sabe-se hoje, era o litoral de Santa Catarina.
Durante o período de seis meses, Gonneville e sua tripulação conviveram com os amistosos e hospitaleiros Índios Carijós, comandados pelo Cacique Arosca. De tal forma hospitaleiros, que ao voltar para a França, o Comandante levou consigo o filho do Cacique, Içá-Mirim, prometendo devolvê-lo no prazo de vinte luas, após ensinar-lhe o uso de artilharia.
Gonneville partiu em 03 de Julho de 1504 e o Índio Içá-Mirim, batizado ainda em alto mar com o nome de Comandante “Binot”, permaneceu na França, onde casou com uma parente do Capitão e teve quatorze filhos.
Para assinalar a passagem da Expedição, foi levantada uma Cruz de madeira com a inscrição: “Aqui Binot Paulmier de Gonneville plantou este objeto sagrada, associando em paridade a Tribo com a Linhagem Normanda”.
Fundação da Vila de São Francisco
O efetivo povoamento da região de São Francisco do Sul iniciou-se em 1658, com “Manoel Lourenço de Andrade”, que trouxe consigo, além de sua família, grande número de escravos, gados, instrumentos agrícolas e ferramentas para exploração de minas.
A povoação foi elevada à categoria de Vila em 1660 e em 1665 São Francisco do Sul foi elevada à Paróquia.
Gabriel de Lara sucedeu Lourenço de Andrade após o seu falecimento, exercendo o governo da Vila em Paranaguá, onde era Capitão Mor.
Episódio inesquecível na memória dos francisquenses foi a passagem como Capitão Mor de Domingos Francisco Francisques (o Cabecinha).
Há relatos de que imprimiu certo progresso à Vila, mas exercendo o poder de forma totalitária, utilizando-se de violência para atingimentos de seus fins. Dos acontecimentos trágicos que marcaram sua estada em São Francisco do Sul, destaca-se o episódio com o Pároco da Vila, Frei Fernado, que teria sido deixado à deriva, em uma velha Canoa, provido apenas de uma porção de peixe seco.
Ainda existe na localidade de Laranjeiras trincheira construída com pedras soltas, que segundo a tradição, teria sido edificada por pessoas que por ali passavam e eram obrigadas a “colaborarem” na construção, pelo violento e autoritário “Cabecinha”.
Os crimes do Capitão-Mor acabaram por chegar ao conhecimento das autoridades que o destituíram e o processaram à revelia, pois este embrenhou-se nas matas e dele não se teve mais notícias.
A Correição de 1720
Importante para a evolução da Vila foi a vinda, em correição, do Desembargador Rafael Pires Pardinho, após o desaparecimento do “Cabecinha”.
Pardinho organizou os negócios da justiça e administração, limitou o termo da Vila (que ficou dividida ao Sul com Laguna e ao Norte com Paranaguá), determinou que o cargo de Capitão-Mor fosse preenchido através de eleição, demarcou as terras do Rocio (zona rural), autorizou a construção da Casa do Conselho e da Cadeia, levantadas ao lado da Igreja Matriz.
Deixou ainda a orientação aos juízes, oficiais da Câmara e aos “homens bons de governanças”, para frequentarem o culto divino, dando exemplo aos demais moradores da Vila.
A Vila de São Francisco e a Ouvidoria de Paranaguá
Inicialmente, a Vila de São Francisco pertencia à Ouvidoria de São Paulo, passando em 1723 à Jurisdição da Ouvidoria de Paranaguá.
Após a criação da Ouvidoria de Santa Catarina, em 1729, iniciou-se um impasse que persistiu até 1831.
Por questão de limites, São Francisco continuava pertencendo à Jurisdição da Ouvidoria de Paranaguá, embora o Governo Civil e Militar fosse exercido pela Ouvidoria de Santa Catarina.
Tal impasse foi solucionado somente no ano de 1831, quando o Governo Imperial, por solicitação do Vice-Presidente da Província Nunes Pires, determinou a anexação da Vila de São Francisco à Jurisdição de Santa Catarina.